27 de out. de 2011

O sotaque dos MIneiros!!

OLá minha gente......
 Todo mundo diz que mineiro é baiano cansado que quando saiu da Bahia pra vir pra São Paulo parou em Minas e de lá nunca mais saiu. Isso explica a profusão e diferença em vários pedacinhos de Minas a maneira de falar do povo, numa coisa tem que ser dita:
- Eita povo bão sô.
 Num é pq eu sou mineira não, mas óia que ir pra lá é um trem bão demais sô!
Carlos Drummond Ja escrevu sobre "as minina" de MG. Ainda dou risada ao lembrar que minha mãe qdo queria impressionar falava a palavra direito bem " dereito". O pai falava bão pro ceis?
E qdo minha família veio na minha casa me visitar, uns amigos que cá estiveram dão risada até hj do jeito que o po'vo fala, a ainda dizem que eu no meio dos mineiros fico irreconhecível, ninguém entende nada.
É um tal de : - velá memo;
- bem capaiz;
-  óia que ocê ta falando;
- fico violeeeennntoo demais da conta sô.
- Pó pará quisso.
e por ai afora. Tive um namorado (a muito tempo atrás...) que quando me conheceu queria "chegar na morena" mais achou impossível. Ele sendo um legítimo paulista foi com uns amigos meus na minha casa pra me chamar pra sair, nesse tempo os meninos começaram a falar de perfume e alguém disse que naquela noite ia "galar" muito. O moço ficou 3 dias pensando como ele falava que queria "ficar" comigo, pois galar era coisa de galo e galinha, se ele falasse que ia ficar comigo e eu saísse chigando ele. Ainda bem que a dúvida dele demorou só 3 dias rsrsrs, até pq foi o loiro mais lindo que namorei na minha vida!!!! Peixonei nele sô!kkkkk

Pra eu não ficar aqui proseando demais da conta, vou postar o poema de drummond pra vcs! Bjos meninas!!! Seis são a massiditumati da minha macarronada!!

O SOTAQUE DAS MINEIRAS


O sotaque das mineiras deveria ser ilegal, imoral ou engordar.
Porque, se tudo que é bom tem um desses horríveis efeitos colaterais,
como é que o falar, sensual e lindo ficou de fora? Porque, Deus, que sotaque!
Mineira devia nascer com tarja preta avisando: ouvi-la faz mal à saúde.
Se uma mineira, falando mansinho, me pedir para assinar um contrato doando
tudo que tenho, sou capaz de perguntar: só isso? Assino achando que ela me faz um favor.
Eu sou suspeitíssimo. Confesso: esse sotaque me desarma. Certa vez quase propus casamento a uma menina que me ligou por engano, só pelo sotaque.
(...)
Faz sentido...


Mineiras não usam o famosíssimo tudo bem. Sempre que duas mineiras se encontram, uma delas há de perguntar pra outra: "cê tá boa?"
Para mim, isso é pleonasmo. Perguntar para uma mineira se ela tá boa é desnecessário.
Vamos supor que você esteja tendo um caso com uma mulher casada. Um amigo seu, se for mineiro, vai chegar e dizer: Mexe com isso não, sô (leia-se: sai dessa, é fria, etc).
O verbo "mexer", para os mineiros, tem os mais amplos significados. Quer dizer, por exemplo, trabalhar.
Se lhe perguntarem com que você mexe, não fique ofendido. Querem saber o seu ofício.

Os mineiros também não gostam do verbo conseguir. Aqui ninguém consegue nada. Você não dá conta.
Sôcê (se você) acha que não vai chegar a tempo, você liga e diz: Aqui, não vou dar conta de chegar na hora, não,sô.Esse "aqui" é outro que só tem aqui. É antecedente obrigatório, sob pena de punição pública,
de qualquer frase. É mais usada, no entanto, quando você quer falar e não estão lhe dando muita atenção: é uma forma de dizer, "olá, me escutem, por favor".
É a última instância antes de jogar um pão de queijo na cabeça do interlocutor.

(...)
Que os mineiros não acabam as palavras, todo mundo sabe. É um tal de "bonitim", "fechadim", e por aí vai.
Já me acostumei a ouvir: "E aí, vão?". Traduzo: "E aí, vamos?".
Não caia na besteira de esperar um "vamos" completo de uma mineira. Não ouvirá nunca. Eu preciso avisar à língua portuguesa que gosto muito dela, mas prefiro, com todo respeito, a mineira. Nada pessoal.
Aqui certas regras não entram. São barradas pelas montanhas.

(...)
Para uma mineira falar do meu desempenho sexual, ou dizer que algo é muitíssimo bom vai dizer: "Ô, é sem noção". Entendeu, leitora? É sem noção! Você não tem, leitora, idéia do "tanto de bom" que é. Só não esqueça, por favor, o "Ô" no começo, porque sem ele não dá para dar noção do tanto que algo é sem noção, entendeu?

Capaz... Se você propõe algo e ela diz: capaz!!! Vocês já ouviram esse "capaz"? É lindo.
Quer dizer o quê? Sei lá, quer dizer "ce acha que eu faço isso"? com algumas toneladas de ironia...
Se você ameaçar casar com a Gisele Bundchen, ela dirá: "Ô dó dôcê".
Entendeu? Não? Deixa para lá.
É parecido com o "nem...". Já ouviu o "nem..."? Completo ele fica:- Ah, nem...
O que significa? Significa, amigo leitor, que a mineira que o pronunciou não fará o que você propôs de jeito nenhum. Mas de jeito nenhum.
(...)
A cojugação dos verbos tem lá seus mistérios em Minas...

Ontem, uma senhora docemente me consolou: "prôcupa não, bobo!".
E meus ouvidos, já acostumados às ingênuas conjugações mineiras, nem se espantam. Talvez se espantassem se ouvissem um: "não se preocupe", ou algo assim.

A fórmula mineira é sintética. E diz tudo. Até o "tchau" em Minas é personalizado.
Ninguém diz tchau pura e simplesmente. Aqui se diz: "tchau procê", "tchau procês".
É útil deixar claro o destinatário do tchau.

Então..."

Um abraço bem apertado procê

Carlos Drummond de Andrade

O texto completo ôceis acha aqui é bem cumprido, mais ôceis dá conta!!!


Essa foto foi tirada numa charará lá de Guaxupé, minha linda terra natal. Na casa da minha mãe do coração.

 

Um comentário:

  1. Márcia, me diverti com o texto, e pra mim não é tão estranho assim o sotaque mineiro. Tenho um cunhado que é mineiro, de Juiz de Fora.
    Sempre afirmo, que 'o mineiro' (os mineiros) é muito bom de conviver, acho um povo sem marra, hospitaleiro, coração aberto.
    Agora que sei que és mineira, penso se foi por isso que me encantaste. Porque tenho por ti amiga, grande respeito, carinho e admiração.
    Esse texto é uma delícia de ler, bjs

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Obrigada por comentar viu! Bjos!! Marcia Barbosa